Comando do Exército faz alterações no batalhão dos “kids pretos” após trama golpista investigada pela Polícia Federal
- adautoribeirorepor
- 10 de mar.
- 3 min de leitura
Foi nas instalações dos “kids pretos”, que o tenente-coronel Mauro Cid delatou ao Supremo Tribunal Federal (STF)

Nos bastidores, a cúpula do Exército admite que as investigações sobre a trama golpista causarão mudanças na caserna. A Agência Pública apurou que, desde a apresentação do relatório final da Polícia Federal (PF) sobre o caso, em novembro de 2024, o comando militar ordenou uma revisão completa na estrutura e na formação das Forças Especiais do Exército, além de implementar alterações no Comando de Operações Especiais (Copesp), o reduto dos “kids pretos”.
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Foi nas mesmas instalações do Copesp, em Goiânia, que o tenente-coronel Mauro Cid delatou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que ouviu, pela primeira vez, militares das Forças Especiais sugerirem “causar o caos” para impedir a posse do presidente Lula (PT). O fato teria ocorrido em plena crise golpista do fim de 2022, como já reportado pela Pública.
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Ao menos 12 “kids pretos” foram denunciados por envolvimento na trama golpista que pretendia impedir que o resultado das eleições de 2022 fosse respeitado. Mudanças no batalhão e revisão na formação desses profissionais servem de indicativo de que ataques à democracia não devem passar impunes.
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São esperadas mudanças significativas no Copesp para depois de março, mas já há alterações – ainda que tímidas – em andamento. As mudanças iniciais, as primeiras na formação dos “kids pretos” em mais de 15 anos, foram publicadas na edição de 20 de dezembro de 2024 do Boletim do Exército.
Ao menos 12 “kids pretos” foram denunciados por envolvimento na trama golpista que pretendia impedir que o resultado das eleições de 2022 fosse respeitado. Mudanças no batalhão e revisão na formação desses profissionais servem de indicativo de que ataques à democracia não devem passar impunes.
São esperadas mudanças significativas no Copesp para depois de março, mas já há alterações – ainda que tímidas – em andamento. As mudanças iniciais, as primeiras na formação dos “kids pretos” em mais de 15 anos, foram publicadas na edição de 20 de dezembro de 2024 do Boletim do Exército.
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À Pública, o professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme) Francisco Teixeira disse que vê com pouca expectativa as mudanças prometidas nos “kids pretos”.
“Quem ensinará a nova doutrina, se não os mesmos oficiais que ensinavam a anterior? Para mim, o correto seria encerrar o batalhão”, afirmou Teixeira, que é também professor titular de história na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Um dos problemas é que o batalhão tem uma tradição de enviar oficiais para cursos no Exército dos Estados Unidos [em Fort Moore] desde os tempos da Escola das Américas, onde se passa uma noção de ‘ameaça interna’ aos militares latino-americanos. O curso nos EUA tem a função de direcionar eles contra aquilo que os americanos chamam de ‘forças subversivas’, mas das próprias sociedades em que se encontram… se a lógica do ‘inimigo interno’ for mantida, mudanças pontuais não vão adiantar”, disse o professor emérito da Eceme.
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