A história da música La Belle De Jour de Alceu Valença.
- adautoribeirorepor
- 19 de mar.
- 4 min de leitura
A ambiguidade por trás do talento de Alceu Valença na música La Belle de Jour

Essa canção é um clássico do cantor brasileiro Alceu Valença, lançada no álbum Sete Desejos em 1992. Inspirada por experiências do artista na França e no Brasil, a música mistura elementos culturais e linguísticos de forma única.
Alceu Valença passou o ano de 1979 na França: partiu em auto exílio com artistas como Raul Seixas e Jards Macalé, como uma forma de contestar a ditadura militar existente no Brasil naquela época.
Em sua estadia francesa, fez muito sucesso e gravou até um disco, chamado Saudade de Pernambuco (1979).
Como adorou o país, Alceu voltou à França em 1986 para um festival. Após a apresentação, foi a um bar com um produtor.
Segundo ele, encontrou uma bela mulher no bar em Paris, para quem disse que era poeta.
A resposta dela foi, simplesmente: “Então me faça um poema!”.
Mais tarde, o compositor descobriu que a bela moça era ninguém menos que Jacqueline Bisset, atriz britânica famosíssima nos anos 60 e 70.
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No outro dia, Alceu resolveu homenagear a linda atriz com uma canção.
Ao escrever, lembrou-se também de outra namorada que teve, com quem frequentava a Praia de Boa Viagem, no Recife.
Dessa mistura de histórias, saiu a romântica La Belle De Jour!
Só tem um problema nessa escolha: ao tentar homenagear Bisset, o cantor chamou a música de La Belle De Jour, por causa do filme de 1967.
Seria ótimo, mas o longa-metragem não é estrelado por Jacqueline Bisset, mas sim pela atriz francesa Catherine Deneuve!
No fim das contas, o artista fez uma bela de uma confusão entre uma atriz britânica e uma francesa e, na tentativa de dedicar a música a uma, acabou falando da outra.
Como homenagem, não foi lá essas coisas, mas como música deu certo.
O significado da letra de La Belle De Jour
Agora que você sabe a história por trás, fica bem mais interessante analisar a letra.
Então vamos entender tudo sobre La Belle De Jour. A música começa com os versos:
Ah hei! Ah hei! Ah hei!
Ah! La Belle de Jour!
Já é engraçado pensar nessa estrofe com todo o contexto. Apesar da gafe, não deixa de ser bonita a mistura brasileira-francesa ao longo da música.
Além do tributo ao filme, o francês é uma língua muito conhecida por ser romântica, então acaba tendo tudo a ver com a canção.
Eu lembro da moça bonita
Da praia de Boa Viagem
E a moça no meio da tarde
De um domingo azul
Se a homenagem começou sendo para Jacqueline Bisset (apesar dele usar o filme de outra atriz), agora parece mudar.
A moça bonita da praia de Boa Viagem é, então, a namorada recifense do compositor.
Se essa é a mesma moça do meio da tarde de um domingo azul, não dá pra saber: quantas musas serviram para uma música só?
Azul era Belle de Jour
Era a bela da tarde
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um domingo azul
La Belle de Jour!
Parece que todas tinham olhos azuis, talvez seja essa a conexão que fez o músico lembrar de todas as moças ao mesmo tempo.
A Bela da Tarde é, ainda, o nome que La Belle de Jour (filme) recebeu ao vir para o Brasil.
Temos aqui os temas que são trabalhados ao longo da canção: as moças, a cor azul e a relação entre o Brasil e França.
La Belle de Jour
Era a moça mais linda
De toda a cidade
Aqui fica a dúvida: Qual cidade? Paris ou Recife? Essa só Alceu sabe responder. Vamos continuar:
E foi justamente pra ela
Que eu escrevi o meu primeiro blues
Há uma brincadeira interessante no verso que eu escrevi o meu primeiro blues: aqui, o compositor brinca com a palavra blues, que pode ser relacionada ao estilo musical, ou significar “azuis” em inglês.
Assim, ele segue explorando a ideia do azul, agora com outros significados. E é nesse ponto que a música volta logo em seguida:
Mas Belle de Jour
No azul viajava
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um domingo azul
Parece que, apesar das declarações e do blues escrito como dedicação, a musa não se encantou por ele.
Já a parte no azul viajava é entendida de diversas formas: para alguns, a bela era da aristocracia; para outros, ela estava doidona; talvez ela simplesmente estivesse focada em outras coisas, como o mar azul.
Fato é que a paixonite não era totalmente correspondida na música!
Outras teorias ainda supõem que a “belle” era uma prostituta recifense, assim como a protagonista do filme de Luís Buñuel.
Apesar de não ser a versão oficial de Alceu, é uma suposição super válida. Afinal de contas, quando uma música faz sucesso, o significado está no ouvido de cada um, né?
A moral da história é: apesar das confusões e das várias musas, a canção se tornou um clássico da MPB. É daquelas músicas leves, românticas e com jeito de um domingo azul.
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