Revelações da organização criminosa PCC são desvendadas por Jornalista que publicou o estatuto da organização
- adautoribeirorepor
- 25 de fev.
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Atualizado: 10 de mar.

Vida de repórter
Josmar Jozino segue a todo vapor no jornalismo, no arejado escritório, instalado no primeiro andar de sua casa, em Itaquera, Zona Leste de São Paulo.
“É minha redação”, diz. É ali que continua recebendo telefonemas, ligações, mensagens pelo WhatsApp com denúncias, documentos, além de convites para mesas, debates jornalísticos, participação em podcasts e entrevistas sobre o PCC. Ele recusa quase todos.
“O que gosto mesmo é de escrever minhas reportagens”, diz.
Há cinco anos, ele é colunista do portal UOL. O tema do PCC é recorrente em seus textos. Em 24 de janeiro, o título da da coluna parecia resumir o que ele vem apurando e escrevendo, ao longo dos anos: “Câncer do PCC assola sociedade e sofre metástase na PM”.
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A frase poderia ser de Josmar, mas é da tenente da Polícia Militar de São Paulo, Maria Carolina de Brito Lima.
Quando começou a cobrir o PCC, Josmar era chamado, pelos amigos do Diário Popular, de “caveirinha”.
O apelido se referia à sua figura magra, mantida graças a uma alimentação desregrada e três maços de cigarro por dia. Ele trabalhou dois anos no Diário, entre 1998 e 1990, e saiu para uma nova experiência em rádio, como redator-editor. Mas sua obsessão sempre foi o jornal.
Tanto que voltou à redação do Diário, em 1995.
As redações daquele tempo ainda eram ambientes movidos a cigarro e café, com os telefones tocando ininterruptamente. A região metropolitana de São Paulo tinha, na época, 93 Distritos Policiais, quase todos com carceragens entupidas de presos, em condições precárias, e graves violações de direitos.
Ao final do ano de 1995, 7.320 pessoas foram assassinadas, na Região Metropolitana, um novo recorde, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
“Jozino sabia a linguagem das ruas. Sabia suas demandas. Respeitava seus interlocutores com humildade. E por isso tornou-se um dos grandes”, diz o jornalista Plínio Delfino, atualmente chefe de reportagem da TV Cultura, que entrou no Diário Popular em 1996, como estagiário, na época como 25 anos.
“Acredito que esse perfil me ajudou a conquistar a confiança de dezenas de mulheres de presos e agentes penitenciários, principalmente aqueles preocupados com a falência e as mazelas do sistema penal paulista. Sem essas fontes importantes, jamais teria iniciado as reportagens policiais investigativas, sobretudo as ligadas ao PCC”, diz Josmar.
Xico Sá, depois de muitos anos na Folha de S. Paulo, chegou ao Diário Popular em 2000, quando Josmar já era reconhecido e admirado. É um dos maiores repórteres que vi, em atuação e apuração”, diz.
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